sexta-feira, 19 de março de 2010

100 coisas para não perder em Pernambuco - Parte 5

41. Monte dos Guararapes - "Se ele se ausentar deste Estado, muito em breve se há de tomar e aniquilar tudo que com sua presença floresceu e se alcançou", anteveu Fernandes Vieira em 1644. Após vários meses em conflito com os seus patrões, o Conde Maurício de Nassau renunciou ao governo do Brasil Holandês, e, pranteado por indígenas, negros e europeus de várias nações, partiu. Finda a memorável administração do fidalgo e mecenas, teve início a Restauração, confirmando as piores premonições. A 1ª batalha ocorreu já no início de 1645, no Monte das Tabocas (Vitória de Santo Antão). Os flamengos foram vencidos e em pouco tempo foram completamente encurralados no Recife. O golpe de misericórdia veio, contudo, 3 anos depois, quando em abril de 1648 (1ª Batalha dos Guararapes) os dois exércitos rivais se enfrentaram no Monte dos Guararapes, hoje Parque Histórico Nacional, e os cerca de 4.500 holandeses foram vencidos por 2.500 luso-brasileiros chefiados pelos brancos Fernandes Vieira e Vidal de Negreiros, pelo negro Henrique Dias e pelo índio Felipe Camarão, embate que passou à História como aquele que lançou as bases do nacionalismo brasileiro, unindo as 3 raças. Quase um ano depois, no mesmo lugar, ambos voltaram a se enfrentar (2ª Batalha), com mil perdas do lado holandês e pouco mais de 100 do brasileiro, dentre as quais a de Henrique Dias. Em 1654 os flamengos deixaram de vez o Brasil.

42. Ruínas de Nazaré e praias do Cabo - No Cabo de Santo Agostinho, antigo Cabo de Santa Maria de la Consolación, a História difere da versão oficial. Para os munícipes, foi aqui que o Brasil foi "descoberto" em 26 de janeiro de 1500 pelo navegador espanhol Vicente Pinzón, 3 meses antes do desembarque cabralino, portanto. O grande promontório avistado por Pinzón é, nada mais, nada menos, que o último ponto de ruptura entre os continentes Sul-Americano e Africano, há centenas de milhares de anos. No Cabo, a História se faz sentir aos 4 cantos. A Vila de Nazaré e o Forte Castelo do Mar remontam aos Séculos XVI e XVII, cenários que foram das guerras contra os índios caetés e contra os holandeses. Suas charmosas ruínas fazem a fama do lugar, com os belos engenhos, como o Massangana (ver item 46), completando o roteiro. E por falar em fama, é no Município, bem como no vizinho Ipojuca, que se encontram algumas das mais belas praias do litoral pernambucano. Pedra do Xaréu, Itapuama, com seus banhos de caulim, as paradisíacas Enseada dos Corais, Gaibu e Paraíso, sede do Eco Resort, a belíssima Calhetas, uma pequena baía repleta de pedras sob as águas, Suape e Paiva, com sua popular reserva de Mata Atlântica, conformam a impressionante região costeira cabense.

43. Porto de Galinhas - Até 1990, a Praia de Porto de Galinhas estava isolada do mundo, apesar dos meros 70km que a distanciam do Recife. Dali a pouco, a Vila de Pescadores virou destino para o descanso de celebridades. Rapidamente os empresários passaram a explorar o potencial turístico do lugar e não deu outra: a Praia se tornou um dos cartões-postais mais célebres do litoral brasileiro. Quando os visitantes chegam ao balneário, há 10 anos considerado o melhor do país, encantam-se com a bela paisagem paradisíaca, que abriga vegetação tropical, bancos de areia e águas cristalinas. A temperatura morna da água convida-os a um demorado e delicioso banho de mar. A diversão também fica por conta das famosas piscinas naturais, formadas pelos arrecifes de corais e nas quais é não só possível, como absolutamente imperdível, nadar ao lado dos peixes coloridos. Para os que gostam de adrenalina, a região também é favorável à prática de esportes radicais, como o surf e o kitesurf, em especial na vizinha Praia de Maracaípe, e mergulho, sendo ainda possível realizar passeios ecológicos para conhecer a exuberância da natureza local. A infra-estrutura turística de Porto de Galinhas é excelente e inclui sofisticados hotéis, pousadas e chalés. Uma última dica: não saia de lá sem provar algum dos famosos pastéis da Pastel do Porto.

44. Praias do Litoral Sul e Tamandaré - As praias do Litoral Sul pernambucano estão entre as mais belas e famosas do país. Piedade, Candeias e Barra de Jangada (Jaboatão); as praias do Cabo (ver item 42); Gamboa, Muro Alto, Cupe, Porto de Galinhas, Maracaípe, Enseadinha, Serrambi, Cacimbas e Toquinho (Ipojuca); Barra de Sirinhaém (Sirinhaém); Guadalupe, Carneiros, Campas, Tamandaré e Boca da Barra (Tamandaré); Porto e Mamucambinhas (Barreiros); Várzea do Una e Coroa Grande (São José da Coroa Grande) são elas. Piedade completa o circuito urbano iniciado no Pina e que tem por ponto alto Boa Viagem (ver item 16). Porto de Galinhas dispensa comentários, vez que é a praia mais famosa do país (ver item 43). Maracaípe é o refúgio dos surfistas, tirando vantagem do prestígio da vizinha Porto de Galinhas. Mas as duas praias mais impressionantes do extremo sul pernambucano são mesmo a utópica Praia do Porto, com sua simpática Ilha do Coqueiro Solitário, imortalizada na novela "A Indomada" da Rede Globo, e a paradisíaca Praia dos Carneiros, com uma belíssima vista dos terraços de Guadalupe e da Ilha de Santo Aleixo (Sirinhaém). Depois de Porto de Galinhas, Tamandaré é o principal balneário do Litoral Sul, lotado durante os eventos do verão e dispondo, além das famosas piscinas naturais, de atrativos como o Forte de Santo Inácio de Loyola (1691) e a Reserva Ecológica de Saltinho.

45. Resorts do Litoral Sul - O fenômeno de "resortização" do badalado Litoral Sul pernambucano é relativamente recente, remontando à inauguração do antigo Blue Tree Park Resort, atual Eco Resort, no Cabo de Santo Agostinho. Mas a Sauípe pernambucana é mesmo a Praia de Muro Alto, vizinha de Porto de Galinhas. O Summerville, com sua famosa piscina em formato de rio projetada pelo mago dos resorts, o arquiteto Luiz Vieira, segue sendo um dos 10 melhores do país. O vizinho Nannai e seus cobiçados bangalôs sobre palafitas também consta do Top 10, mas costuma encabeçar a lista de destinos de sonho de casais em lua-de-mel. Os outros dois grandes hotéis de Muro Alto, o Marulhos e o Beach Class, têm tamanho e estrutura básica de resort, mas funcionam como flat. Todos os apartamentos e bangalôs são suítes com cozinha equipada. Um pouco mais simples, o Marupiara tem uma piscina não tão grande como as de seus vizinhos, mas em compensação está no melhor ponto da praia, defronte dos aquários naturais. Estanto já superlotada Muro Alto, novos e arrojados empreendimentos são esperados para a Praia do Cupe. É lá que está o 1º resort-design do país, o Enotel, com apartamentos quase philippe-starckianos, que passam longe dos tons e estampas tropicais que predominam nos hotéis de praia.

46. Engenhos do Litoral e da Zona Mata - Pernambuco foi a mais bem-sucedida das Capitanias Hereditárias graças à administração brilhante e eficiente do donatário Duarte Coelho. Ele trouxe consigo colonos que deram início à sistemática e irreparável derrubada das matas litorâneas e à instalação dos primeiros engenhos, tirando vantagem do fértil solo massapê. O longo e rendoso reinado do açúcar em terras brasileiras foi o motor do desenvolvimento pernambucano e a razão da invasão holandesa. Vestígios dessa época áurea ainda podem ser encontrados nos Municípios do Litoral e Zona da Mata. Os principais Engenhos são o Uruaé (Goiana), no qual viveu o Conselheiro João Alfredo, redator da Lei Áurea; o Massangana (Cabo de Santo Agostinho), lugar de residência, por sua vez, do grande abolicionista Joaquim Nabuco; o Gaipió (Ipojuca), associado à Revolução Praieira; o Poço Comprido (Vicência), que serviu de abrigo aos líderes da Confederação do Equador, dentre os quais Frei Caneca; e o Verde (Palmares), no qual nasceu o poeta Hermilo Borba Filho. É possível ao visitante ficar hospedado em algumas das Casas Grandes, desfrutando da indescritível sensação de retornar ao passado, tudo isso ao impecável sabor culinária regional servida nos fartos cafés da manhã coloniais. Puro charme!

47. Maracatu de Nazaré da Mata - Saem de cena os bóias-frias e entram os caboclos-de-lança. Ao contrário do Maracatu Nação (ou do baque virado), mais presente na área urbana e oriundo da tradição do Rei Congo, com cortejos espelhando os rituais das antigas cortes africanas transplantadas para o Brasil, o Maracatu Rural (ou do baque solto) nasceu da fusão de vários folguedos populares que existiam sobretudo nos engenhos de cana-de-açúcar da Zona da Mata Norte de Pernambuco, refletindo a reação bem-humorada dos caboclos, índios miscigenados com brancos e negros, ao processo de engolimento de suas terras pelos canaviais. Nazaré da Mata, conhecida como a "Terra dos Maracatus", foi o centro desse fenômeno, e não é de surpreender que seja uma das 3 bases de atuação do maracatu em Pernambuco, ao lado do Recife e de Cidade Tabajara (Olinda). É de lá o Maracatu Rural mais antigo de todos, o Cambinda Brasileiro, fundado em 1898. Outros destaques são o Piaba Dourada, o Estrela de Ouro e o Coração Nazareno, num total de 20. Todas as segundas e terças-feiras de Carvanal acontece o esperado e multicolorido Encontro dos Maracatus, um evento sem igual.

48. Cerâmica de Tracunhaém - A cerâmica artesanal faz a fama de Tracunhaém, um dos centros de excelência desse tipo de arte popular no Brasil. Imensas esculturas em argila, matéria-prima facilmente encontrada às margens do Rio Tracunhaém, decoram o acesso à cidade, dando boas-vindas aos visitantes. Do barro em estado bruto surgem figuras que, em sua maioria, retratam imagens paradoxais, quais santos católicos e cenas profanas. Um dos maiores incentivadores da arte cerâmica no Município foi o célebre colecionador pernambucano Abelardo Rodrigues. Através dele, os objetos ali produzidos foram aceitos nos grandes centros, compondo inclusive o acervo dos principais museus brasileiros e estrangeiros. Os principais mestres do lugar são Zezinho de Tracunhaém, autor de imagens sacras e presépios, e Nuca, que também trabalha com imagens representando cenas do cotidiano nordestino, além de confeccionar os famosos leões símbolos do Estado. Nos últimos tempos, a cerâmica mais elaborada vem, todavia, perdendo espaço para a produção em série de peças utilitárias, também encontradas no Centro de Produção Artesanal, que reúne 35 artesãos da cidade. De passagem pela região, não deixe de visitar o interessante Museu da Cachaça na vizinha Lagoa do Carro, o maior do gênero no mundo, constando do Livro dos Recordes com uma coleção de mais de 8 mil garrafas.

49. Cachaça de Vitória de Santo Antão - Poucos elementos da cultura brasileira são tão difundidos e apreciados no exterior como a cachaça e a caipirinha, o principal drink dela preparado. A popularidade nacional e internacional da aguardente catapultou a imagem de Vitória de Santo Antão, conhecida como a "Capital da Cachaça", que é um dos principais centros de produção de destilados no país. A fabricação sistemática da cachaça em Vitória teve início em meados do Século XVII, nos antigos engenhos do período açucareiro. Muitos deles, como o Cachoeirinha e o Engenho Velho, são hoje atrações turísticas abertas ao público. Mas a produção de pinga agora acontece em modernas unidades industriais que distribuem o produto para todo o mercado brasileiro e exportam-no para vários países. Nesse contexto enquadra-se a Pitú, surgida em 1938 como uma empresa familiar e que logo se transformou em sinônimo de qualidade e fenômeno de popularidade, sendo a 2ª aguardente mais vendida no mercado nacional, atrás da 51, e chegando a mais de 40 países. Outras atrações de Vitória são o Parque do Monte das Tabocas, no qual foi travada a primeira batalha da Restauração (ver item 41), e o Instituto Histórico e Geográfico da cidade, situado num casarão colonial no Centro.

50. Cachoeiras de Bonito e de São Benedito do Sul - Bonito e São Benedito do Sul estão entre as grandes referências do ecoturismo pernambucano. As cachoeiras são as principais atrações da região. No Bonito Ecoparque estão 8 - Barra Azul, Corrente, Encanto, Humaytá, Pedra Redonda, Tomada do Mágico e Véu da Noiva 1 e 2 -, formadas pelas águas do Rio Verdinho e pelo Riacho Águas Vermelhas, e variando entre 2 e 30m de altura. A mais famosa delas, a Véu da Noiva 1, é também a preferida pelos praticantes de rapel, apresentando 3 quedas d'água e 15 metros de altura. São Benedito do Sul não fica atrás e também conta com 8 cachoeiras - Aritana, Brejinho, Lage, Periperi, Piranji, Poço do Caboclo, Poço do Soldado e Sítio do Cajá. Para se ir até elas é necessário bastante disposição, vez que a média é de 1h de caminhada em região de mata e a distância entre elas varia de 7 a 15 quilômetros. A Pedra do Rodeadouro, também em Bonito, é ideal à prática de cannoying, havendo sido palco do sebastianismo dos membros do Reino do Paraíso Terreal, movimento violentamente sufocado pelo Governo Provincial em 1820.

3 comentários:

  1. Essa cachoeira ai de bonito eu fui, vale a pena conferir.. :D
    Abr

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  2. ah, ficou lindo. Amei, parabéns!
    beijoooo

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  3. Cara, cannoying é bronca, talvez vc quis dizer cannyoning " que é americanizado" porém no Brasil chama-se:
    Canionismo - “Descida de cursos d’água usualmente em cânions, sem embarcação, com transposição de obstáculos aquáticos, horizontais ou verticais.” (ABNT)

    Cachoeirismo:“Descida de quedas d’água, seguindo ou não o curso d’água,usando técnicas verticais.” (ABNT)

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