quarta-feira, 17 de março de 2010

100 coisas para não perder em Pernambuco - Parte 4

31. Carnaval de Olinda - "Olinda, quero cantar a ti esta canção". Basta alguém entoar os famosos versos do Hino do Elefante, denominação oficial da canção que, de tão popular, já foi aclamada como hino da própria Olinda, para a multidão em coro, espremida pelas ruas do Sítio Histórico Patrimônio da Humanidade, cantar emocionada. De todos os mundialmente famosos eventos momescos brasileiros, o de Olinda é, sem dúvida, o mais autêntico Carnaval de rua e, por isso mesmo, o mais popular. Apesar de legado pelos portugueses, é como o conhecemos hoje um evento relativamente recente, remontando ao início do Século XX e coincidindo com o surgimento das primeiras agremiações, algumas das quais ainda desfilam. O grande destaque, todavia, cabe aos famosos bonecos gigantes, herança européia que tem suas origens nas procissões do Século XV, quando bonecos acompanhavam os cortejos. Desde que o Homem da Meia-Noite, o primeiro, saiu às ruas em 1932, novos personagens vêm sendo criados a cada ano e hoje eles já somam mais de 100. Na Terça-Feira Gorda acontece, entre os Largos de Guadalupe e do Varadouro, o encontro de todos, um dos pontos altos da festa olindense.

32. Olinda Arte em Toda Parte e MIMO - Não foi por acaso que, quando o título de "Capital Brasileira da Cultura" foi criado em 2006, Olinda teve a honra de ser escolhida como a 1ª, desbancando fortes concorrentes como Salvador, a 1ª Capital da Colônia, e João Pessoa. Intimamente ligada à História do país, a cidade consegue aliar paisagem exuberante, rico patrimônio histórico e artístico e imensa riqueza cultural. Para se ter uma idéia, é lá que está a maior concentração de artistas por m² do Brasil, mais de 400, alguns de renome internacional como João Câmara, Tereza Costa Rego e Guita Charifker. Todos os anos eles abrem as portas de seus ateliês, cerca de 70, e convidam os visitantes a conhecer seu trabalho, dando ensejo ao ímpar Olinda Arte em Toda Parte. E o fascínio da antiga Marim dos Caetés não para por aí. Nascida em 2004, a excelente Mostra Internacional de Música põe em diálogo a mais conceituada música erudita mundial com o melhor da música popular brasileira, tudo isso no seio das coloniais e barrocas igrejas de perfeita acústica. Mais uma vez, as íngremes ruas da jóia arquitetônica mundial são tomadas pela multidão, que chega atraída pelas apresentações dos virtuosi.

33. Veneza Water Park - Inaugurado em 1999 entre o rio e o mar, no exuberante Pontal de Maria Farinha (Paulista), centro do maior pólo de lazer e esportes náuticos do Norte/Nordeste (ver item 39), o Veneza Water Park é um dos maiores e melhores parques aquáticos do país, com 90 mil m² de área totalmente destinados à diversão e ao lazer. A 30km do Centro do Recife, o Veneza dispõe de diversas atrações que comportam mais de 10 milhões de litros de água. Entre elas estão uma torre com 8 toboáguas das mais variadas formas e cerca de 30m de altura, o maior rio lento do Brasil, uma gigantesca piscina com ondas artificiais e a “Anaconda”, um toboágua em forma de serpente enrolada em uma arvore centenária. Outro ponto forte do Parque é a gastronomia. O restaurante Galeão, réplica de um navio holandês do Século XVII, é puro charme. Há ainda uma Praça de Alimentação com uma grande variedade de fast-foods e bares em estilos bem variados, como o Bar da Praia, que, além de estar localizado à beira mar e servir ao público externo, oferece música ao vivo todos os domingos e feriados. Imperdível!

34. Ilha de Itamaracá - Itamaracá está entre os mais antigos focos de colonização portuguesa no Brasil (1491), antes mesmo da "descoberta" cabralina da Colônia. Quando o donatário Duarte Coelho aportou no Canal de Santa Cruz, que a separa do continente, fez fincar um marco na fronteira de sua Capitania (Pernambuco) com a de Itamaracá, marco este que atualmente se encontra em exposição no Instituto Histórico, Arqueológico e Geográfico do Estado. A Capitania não vingou, sendo posteriormente integrada à próspera vizinha, mas Itamaracá ainda guarda resquícios desses áureos dias. Vila Velha, a antiga Capital, foi fundada quase 10 anos antes de Igarassu e Olinda, em 1526, quando ali se ergueu a primitiva Igreja da Conceição. Em 1631 os holandeses construíram o Forte Orange, assim chamado em homenagem aos fidalgos da Casa de Orange, governadores dos Países Baixos e parentes do Conde Maurício de Nassau. Mas nem só de história vive Itamaracá. A Ilha respira ecologia, com destaque para o imperdível Centro de Mamíferos Aquáticos do IBAMA (Centro Peixe-Boi), que trabalha arduamente para salvar a espécie da ameaça de extinção. São mais de 10 belas praias, porém a mais famosa é, sem dúvida, a badalada Ilhota Coroa do Avião (travessia de barco a partir da Praia do Forte, ver item 39), que na verdade está situada no Município de Igarassu.

35. Ciranda de Itamaracá - "Eu vou com meu amor para a Ilha de Itamaracá, vou dançar uma ciranda que a Lia mandou chamar". Basta a Rainha Lia mandar chamar para os cirandeiros de Itamaracá, que em tupi curiosa e acertadamente significa "pedra que canta", acudirem. De mãos dadas, uma grande e democrática roda é formada por gente de todos os tipos, que movimenta o corpo simulando o movimento das ondas do mar. Girando à direita, com os braços e pés em movimentos graciosos, todos ondulam os seus sonhos acompanhando as canções tiradas pela Mestre Cirandeira, que entoa acompanhada de uma pequena orquestra. Não se sabe ao certo a origem da ciranda, se foi legada pelos portugueses ou se é criação dos pescadores brasileiros, mas a evidência é que o seu aparecimento se deu em Pernambuco, tanto na região litorânea quanto na Mata Norte. E em Itamaracá, a "Terra da ciranda", o reinado de Maria Madalena Correia do Nascimento (nasc. 1944) é inconteste. O jornal The New York Times a chamou de "diva da música negra". O francês Le Parisien comparou sua voz à da cabo-verdiana Cesária Évora. No Brasil, críticos de música comparam-na a Clementina de Jesus. Verdadeira lenda viva da música brasileira, Lia segue a encantar o Brasil e o mundo, fazendo a fama da Ilha.

36. Centro Histórico de Igarassu - Berço da pernambucanidade, Igarassu orgulha-se de ter sido o lugar onde o donatário Duarte Coelho primeiro pisou ao aportar em terras brasileiras. Foi na atual Praia dos Marcos, no longínquo ano de 1535, que a comitiva do fidalgo desembarcou, rumando para o sul e ali erguendo a Igreja dos Santos Cosme e Damião, a mais antiga em funcionamento do país. De Igarassu ele partiu para Olinda, onde se estabeleceu definitivamente. A pequenina cidade, com um dos conjuntos arquitetônicos mais importantes do país, é pura história. Outros de seus destaques são a Igreja e Recolhimento do Sagrado Coração de Jesus, o Museu Histórico e Casa da Câmara e Cadeia, todos do Século XVIII, e esta última com a curiosidade de possuir Santo Antônio como Vereador perpétuo. Mas a jóia rara de Igarassu é o Convento de Santo Antônio (1588), o 3º da Ordem Franciscana no Brasil. É que ele alberga uma das mais importantes coleções de arte colonial brasileira do mundo, com 24 pinturas e painéis dos Séculos XVII e XVIII na ótima Pinacoteca. A quem interesse, há ainda a possibilidade de passear de catamarã pelos manguezais da região e, de quebra, visitar as Ilhas de Itamaracá e da Coroa do Avião.

37. Centro Histórico de Goiana - Depois de Olinda e de Igarassu, Goiana conserva o centro histórico mais importante do Estado. A região começou a ser povoada em 1570, impulsionada pela empresa açucareira. Em pleno desenvolvimento, chegando inclusive a sediar a Capitania de Itamaracá, foi alvo da cobiça estrangeira, pelo que foi palco de um sem número de batalhas contra os franceses e holandeses, com destaque para o célebre episódio das "Heroínas de Tejucupapo", um grupo de mulheres que, em 1646, armadas com paus, pedras, panelas, pimenta e água fervente, derrotaram mais de 300 flamengos. O fato é revivido anualmente em uma encenação realizada pelo Clube das Mães no Distrito de Tejucupapo. Os principais edifícios históricos de Goiana são as Igrejas do Rosário dos Pretos (1596), do Carmo (1666) e do Rosário dos Brancos (1701), mas ao todo elas somam mais de 10, abrangendo os estilos colonial, maneirista e barroco. Os antigos Engenhos complementam o roteiro, com destaque para os charmosíssimos Uruaé, onde viveu o Conselheiro João Alfredo, e Bujari, ambos do Século XVII. Goiana também é a terra do famoso artista Zé do Carmo, que, através da pintura e da escultura, transforma em anjos personagens típicos nordestinos, como os cangaceiros.

38. Buraco da Gia - De passagem por Goiana, não deixe de visitar o Restaurante Buraco da Gia. Apesar do nome, no lugar não há um só desses anfíbios. Lá o brilho fica por conta dos caranguejos de Luiz Moraes, que, com suas imensas patas, atraem e encantam, bem como às vezes afugentam, os visitantes. Adestrados por Seu Luiz, eles são capazes de segurar e de quebrar um copo, de puxar carrinhos com 4 cervejas e de abrir garrafas, tudo ao simples comando do mestre. Nomes como Juscelino Kubistcheck, Gilberto Freyre, Assis Chateaubriand, Chacrinha e Jarbas Vasconcelos já participaram do chamado "Show do Caranguejo", no qual Seu Luiz ordena seus guaiamuns a segurarem o copo enquanto o cliente bebe cerveja ou refrigerante. Ao final, os atrópodes ainda esboçam um pequeno gesto de agradecimento. O Buraco já foi matéria de várias revistas e jornais nacionais e internacionais, como o The New York Times. Com seus guaiamuns e caranguejos, Seu Luiz também já participou de programas de televisão como Hebe, Silvio Santos, Domingão do Faustão e os extintos Chacrinha e Que Delícia de Show, apresentado por Flávio Cavalcanti. Absolutamente inacreditável!

39. Praias do Litoral Norte - Del Chifre, Milagres, Carmo, Farol, Bairro Novo, Casa Caiada e Rio Doce (Olinda); Enseadinha, Janga, Pau Amarelo, Ó, Conceição e Maria Farinha (Paulista); Gavoa, Capitão, Marcos e Coroa do Avião (Igarassu); Forte/São Paulo, Forno da Cal, Rio Âmbar, Baixa Verde/Currupio, Pilar, 4 Cantos, Jaguaribe, Pontal de Jaguaribe, Sossego/Lance dos Cações, Fortinho/Enseada dos Golfinhos e Pontal da Ilha (Itamaracá), Atapuz, Catuama, Barra de Catuama, Tabatinga, Ponta de Pedras e Carne de Vaca (Goiana). Muitas são as praias do belo Litoral Norte pernambucano, mas as mais baladadas são mesmo Maria Farinha e a Coroa do Avião. Situada entre o rio e o mar, Maria Farinha é nacionalmente conhecida por suas águas rasas e calmas e pelos vários esportes náuticos e passeios de ultraleve que ocorrem em seus domínios. Já a paradisíaca Ilhota Coroa do Avião é, na verdade, um banco de areia surgido em 1980 por força das correntes marinhas, contando com diversos bares à beira mar e abrigando a Estação de Estudos sobre Aves Migratórias da UFPE.

40. Novo Aeroporto - Ao desembarcar no Recife, o visitante já se depara com um dos motivos de maior orgulho dos pernambucanos. O belíssimo novo Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre, projetado por Ubirajara Moretti, é referência em soluções arquitetônicas, conjugadas a sistemas com tecnologia de ponta. O edifício do Terminal de Passageiros é uma lâmina de 270m por 70m de largura, com o conector e as pontes de embarque voltados para o pátio de aeronaves. O Edifício-garagem, com geometria perimetral em níveis escalonados de baixo para cima, possui efeito de esplanada, com vegetação nas bordas, e evidencia a Praça Salgado Filho, projetada por Burle Marx (ver item 21). Concebido sob o conceito dos modernos Aeroshoppings, o Terminal do Aeroporto é ricamente decorado com obras dos conceituados artistas locais Abelardo da Hora, Francisco Brennand, João Câmara, José Cláudio, Gil Vicente e Pedro Frederico, dando uma idéia da dimensão que tem a nossa Nação Cultural. Se o pernambucano é, por natureza, um apaixonado por seu rincão, o anseio de voltar para casa não poderia ser melhor estimulado.

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