segunda-feira, 15 de março de 2010

100 coisas para não perder em Pernambuco - Parte 3

21. Circuito Burle Marx - Recife tem o privilégio de contar com 10 espaços públicos concebidos pelo conceituado paisagista Roberto Burle Marx, descendente de pernambucanos, que esteve à frente dos Parques e Jardins do DAU/Pernambuco entre 1934 e 1937. São de sua autoria as Praças de Casa Forte, do Derby, do Entroncamento, Euclides da Cunha (do Internacional), Faria Neves (de Dois Irmãos), da Oficina Brennand (ver item 24), da República (ver item 4) e Salgado Filho (do Aeroporto), bem como os jardins do entorno da Capela da Jaqueira e dos edifícios da CELPE e da SUDENE. A primeira e mais famosa criação do gênio no Recife foi a Praça de Casa Forte, com 3 jardins que englobam um lago central com plantas aquáticas amazônicas, dentre as quais as famosas vitórias-régias. A mais polêmica, todavia, foi a Praça Euclides da Cunha, coerentemente ornamentada com cactáceas do Sertão, o que despertou fulminante reação conservadora capitaneada por Mário Melo, acusando o expoente do paisagismo internacional de devolver o Recife à barbárie. Burle Marx, por seu turno, alegou tentar livrar os "jardins do cunho europeu", semeando a "alma brasileira" e divulgando o "senso de brasilidade".

22. Bolo de rolo da Casa dos Frios - Não se sabe ao certo a origem desta iguaria produzida com massa de pão de ló, tão fina quanto fofa, e recheio de goiabada. Ao que tudo indica, porém, foi com a vinda da Corte em 1808 que a original receita portuguesa do "Colchão de noiva" chegou em terras pernambucanas, com a européia pasta de amêndoas dando lugar ao tropical doce de goiaba. Nascia então o bolo de rolo, declarado Patrimônio Cultural e Imaterial de Pernambuco em 2008 - mais que a cara, o sabor do Estado. Desde 1970, a Casa dos Frios comercializa pioneiramente sua versão mais famosa, seguindo fielmente as orientações traçadas por Fernanda Dias e Ana Maria Soares. Nem mesmo o Papa João Paulo II, em sua visita ao Recife em 1980, resistiu à gulodice produzida pelo empório cinquentão. Ao longo dos anos, surgiram as versões de ameixa, amêndoa, chocolate, doce de leite, maracujá e nozes. Além de ser vendido nas duas unidades da empresa (Graças e Boa Viagem), o quitute pode ser encontrado em um Quiosque 24h no Aeroporto. Uma delícia!

23. Instituto Ricardo Brennand - Em terras que no passado pertenceram ao herói da Restauração João Fernandes Vieira, o industrial e mecenas Ricardo Brennand inaugurou, no ano de 2002, o Museu do Instituto homônimo, reunindo as impressionantes obras de arte que ele vem colecionando há mais de 50 anos. Instalado em um complexo de castelos medievais, o magnífico Instituto, citado na obra "1000 lugares para conhecer antes de morrer" e contando com personalidades como Nélida Piñon e Bia Corrêa do Lago na equipe, é centro de referência no estudo do Brasil holandês, reunindo na Pinacoteca, dentre outras preciosidades, a maior coleção privada de obras do pintor flamengo Franz Post, formada por 17 quadros representativos de todas as fases de seu trabalho. A Holanda, aliás, reconhecendo que o IRB utilizava tecnologia de ponta no tratamento de seu acervo, permitiu que a exposição "Albert Eckhout volta ao Brasil (1644-2002)" viesse ao Recife, situando o Estado na rota das grandes mostras internacionais. A estátua de "O Pensador", uma das únicas 12 reproduções do original executadas pelo próprio Rodin, a exposição de bonecos de cera "O Julgamento de Fouquet" e a coleção de armas brancas no Castelo de São João, também a maior particular do mundo, são outros destaques do imperdível Instituto.

24. Oficina Francisco Brennand - A Oficina Brennand surge em 1971 nas ruínas de uma olaria do início do Século XX como materialização do projeto obstinado e sem trégua do famoso artista plástico Francisco Brennand. Recanto único no mundo, também citado no livro "1000 lugares para conhecer antes de morrer" e cercado por remanescentes de Mata Atlântica e pelas águas do Capibaribe, o ateliê, fonte inspiradora e depositária da história do gênio pernambucano, consiste num conjunto arquitetônico monumental de grande originalidade, em constante processo de mutação, no qual a obra se associa à arquitetura para dar forma a um universo abissal, dionisíaco, subterrâneo, obscuro, sexual e religioso. A presença do artista, num trabalho contínuo de criação, confere ao lugar um caráter inusitado, identificando-o como uma instituição intrinsecamente viva e com uma dinâmica que torna imprevisíveis os rumos do espaço e da obra. A Oficina ainda conta com uma Praça de autoria do ótimo Burle Marx (ver item 21) e com uma Capela projetada pelo premiado arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, Pritzker de Arquitetura.

25. Complexo de Salgadinho - Na histórica e estratégica região entre os Municípios de Olinda e Recife, ao lado da antiga Fábrica Tacaruna (futura Fábrica Cultural), ergue-se o maior complexo de negócios, lazer e entretenimento do Estado. O grande destaque do conjunto cabe ao arrojado e gigantesco Centro de Convenções (1976), em estilo racionalista, o 3º maior do país. O CECON recebe os grandes eventos do Estado, como a Feira de Artesanato FENEARTE, sempre em julho, considerada a maior do tipo na América Latina, e o prestigiado Festival do Audiovisual CINE PE. Ao seu lado estão o Parque Mirabilândia (de diversões) e o Chevrolet Hall, erguido em 2001 como a maior casa de shows do Brasil. Do outro lado da Av. Agamenon Magalhães encontra-se o Shopping Tacaruna, o principal centro de compras da Zona Norte, e, no alargado canteiro central do Complexo, o Espaço Ciência, maior museu a céu aberto do país e um dos maiores do mundo, com atrações como um planetário, uma hidrelétrica gerando corrente, um vulcão em atividade e a sensação de um terremoto, ideal para se ir com a criançada.

26. Rota dos naufrágios - Em 1887, os Vapores Pirapama e Bahia colidiram na altura da Praia de Ponta de Pedras (Goiana), causando a morte de 37 tripulantes e dando ensejo a um dos piores desastres navais de que se tem notícia no Brasil. O Bahia naufragou na ocasião, mas o Pirapama conseguiu escapar e partiu sem prestar socorro. Irreversivelmente avariado, foi, porém, afundado 2 anos depois, a 6 milhas do Porto do Recife. Hoje, encontra-se a 23 m de profundidade e é habitado por grandes tartarugas, arraias, moréias e por uma imensa variedade de espécies marinhas, constituindo um dos naufrágios mais bonitos e freqüentados da costa pernambucana. Sim, um dos porque há muitos outros, mais de 100, segundo consta, sendo 12 demarcados e operáveis. Não por outra razão o Recife é conhecido pelos mergulhadores como a "Capital brasileira dos naufrágios", alguns ainda intocados e adormecidos no tempo, repletos de lendas sobre a existência de tesouros, jóias e tudo aquilo que a imaginação lhes possa atribuir. A experiência pode ser vivida por qualquer pessoa com mais de 12 anos de idade mediante um curso de mergulho acompanhado.

27. Arte de Romero Britto - Filho de uma família carente do Recife, o artista autodidata Romero Britto, nascido em 1963, começou sua carreira vendendo naturezas-mortas em feiras populares. Imigrou para os Estados Unidos em 1990 e hoje é o artista plástico brasileiro mais bem-sucedido no exterior. Já fez pinturas para uma campanha simbólica da vodca Absolut, criou latinhas para a Pepsi e redesenhou personagens da Disney a convite da empresa. Britto também conquistou uma legião de clientes famosos, da cantora pop Madonna ao ex-Presidente americano Bill Clinton. Suas obras transpiram alegria. Ele retrata um mundo onde a felicidade e a serenidade imperam: há casais dançando, gatinhos sorrindo, peixes voadores saltando à toa, flores desabrochando e amantes se beijando. Para atingir emoções tão delicadas, criou sua própria linguagem pictórica, atualmente chamada pela crítica de "Novo Cubismo Pop". Com cores brilhantes, formas harmoniosas e desenhos agradáveis, sua arte precisa ser absorvida em termos próprios. Pernambuco homenageia o filho ilustre expondo a obra "Bola de praia" no Aeroporto.

28. Sítio Histórico de Olinda (UNESCO) - "Oh, linda situação para se construir uma vila", haveria exclamado o donatário Duarte Coelho ao avistar a colina na qual se encontrava a antiga aldeia Marim dos índios Caetés. Ali fez erguer, em 1535, aquela que viria a ser a Capital de sua Nova Lusitânia, a Capitania mais próspera da nascente Colônia, fundada no promissor comércio do açúcar. Quase tão antiga quanto o Brasil, Olinda, destruída e subjugada pelos holandeses em 1631 e reconstruída em 1654, acompanhou o desenvolvimento de seu antigo porto, o Recife, e, não de bom grado, viu-o assumir a função de Capital. Assim, todavia, pôde manter-se afastada dos malefícios do progresso econômico e do crescimento desenfreado, conservando o belo casario colonial que, em 1982, foi alçado à condição de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO. Suas construções mais célebres, obras-primas da arquitetura colonial portuguesa no ultramar, são, em ordem antiguidade, a Catedral (1535) e as Igrejas da Misericórdia (1540), da Graça/Seminário (1545) e do Carmo (1588), além do Convento de São Francisco (1585) e do Mosteiro de São Bento (1599). Também merecem destaque os Museus de Arte Contemporânea e do Mamulengo, o Mercado da Ribera e as Ruínas do Senado da Câmara, de onde Bernardo Vieira de Melo haveria dado, em 1710, o primeiro grito de República no Brasil. Linda, realmente, absurdamente linda...

29. Tapioqueiras do Alto da Sé - Olinda nasceu na Sé, no topo da colina onde, já em 1535, Duarte Coelho fez erguer a Igreja de São Salvador do Mundo, futura Catedral Arquidiocesana, hoje abrigando o corpo do famoso arcebispo emérito Dom Hélder Câmara. É de lá, do Alto, que de se descortina uma das mais belas vistas das cidades-irmãs: a colonial e ajardinada Olinda ergue-se soberba em primeiro plano, contemplando orgulhosa, ao fundo, o progresso de sua pujante filha, uma metrópole contemporânea e verticalizada. A Catedral enfrentou várias reformas ao longo dos anos, já tendo tido, inclusive, um aspecto gótico. Defronte a ela, no fim de tarde, dezenas de tapioqueiras se enfileiram lado a lado para preparar essa iguaria local, das mais apreciadas pelo paladar pernambucano. Tudo é feito em um rústico braseiro de carvão e há diversas opções de recheio: o clássico coco com queijo e manteiga, carne-de-sol, camarão, frango com catupiry, presunto com queijo, além de cartola (banana com queijo, açúcar e canela), doce-de-leite ou Romeu e Julieta (goiabada com queijo). É só escolher e se deliciar!

30. Canto gregoriano no Mosteiro de São Bento - Erguido em 1599, São Bento de Olinda foi o 2º mosteiro beneditito em terras brasileiras. Incendiado pelos holandeses em 1631, foi restaurado em 1654 e, em 1827, passou a abrigar a recém-criada Faculdade de Direito de Olinda (ver item 14), a 1ª do Brasil. Seu magnífico altar-mor (1786), um dos exemplares mais belos e significativos da talha dourada no país, já foi exposto como atração principal da exposição "Brasil de Corpo e Alma" no Museu Guggenheim de Nova Iorque, para onde foi transportado após ser desmontado. Mas a grande atração do Mosteiro são mesmo os cantos gregorianos entoados pelos monges todos os domingos, na missa das 10h. Essa antiga forma de cantar, com ritmo livre e sem métrica, fascina as pessoas há séculos por sua simplicidade e entonação em uníssono, que transmitem calma e relaxamento. As letras são solfejadas em um idioma em desuso - o latim - e seu teor é sacro e cristão. Os monges de Olinda são tão afinados e fazem tanto sucesso que até já gravaram CD e são constantemente convidados a se apresentar no exterior.

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