sábado, 13 de março de 2010

100 coisas para não perder em Pernambuco - Parte 2

11. Estátuas do Circuito da Poesia – “Recife, não a Veneza Americana, não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais, não o Recife dos Mascates (...) Recife da minha infância” (Evocação do Recife, Manuel Bandeira). Tendo por escopo homenagear os maiores expoentes da cultura pernambucana e aproximá-los da população, o Circuito da Poesia consiste num conjunto de estátuas-monumento de autoria do artista plástico Demétrio Albuquerque, situadas em locais que fizeram parte do cotidiano dos poetas ou em espaços que foram abordados em sua obra. Os homenageados são, em ordem alfabética: Antônio Maria (Rua Bom Jesus), Ascenso Ferreira (Cais da Alfândega), Capiba (Rua do Sol), Carlos Pena Filho (Praça da Independência), Chico Science (Rua da Moeda), Clarice Lispector (Praça Maciel Pinheiro), João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira (Rua da Aurora), Joaquim Cardozo (Ponte Maurício de Nassau), Luiz Gonzaga (Estação Central), Mauro Mota (Praça do Sebo) e Solano Trindade (Pátio de São Pedro).

12. Pátio de São Pedro - Ao redor da portentosa Igreja de São Pedro dos Clérigos (1728) surgiu este charmoso espaço em formato trapezoidal, quase isolado do resto do conjunto urbanístico do Bairro de Santo Antônio. O Pátio guarda, em seu traçado, vestígios do urbanismo holandês, como o primitivo alinhamento das casas da Rua das Águas Verdes. O grande destaque do conjunto, todavia, cabe à Igreja, a única em partido poligonal do Nordeste e exemplo típico do efeito ótico característico do barroco religioso brasileiro, expresso na assimetria do conjunto arquitetônico, na infinitude do espaço e no movimento contínuo. Apesar da prevalência barroca, a Concatedral é, também, um modelo de hibridismo arquitetônico, agregando traços do maneirismo e convivendo lado a lado com detalhes do rococó e do neoclássico. Atualmente o Pátio abriga o Memorial Luiz Gonzaga e vários eventos culturais, além de contar com uma agitada vida noturna.

13. Basílica do Carmo e Casa da Cultura - No lugar onde o Conde Maurício de Nassau fez erguer o Palácio da Boa Vista (1643), destinado ao seu repouso e lazer, jaz atualmente a Basílica do Carmo (1767) e o convento no qual Frei Caneca fez seus votos religiosos e, presume-se, está enterrado. Em estilo barroco-rococó, o imponente templo tem sido um dos pontos centrais da fé católica no Recife, mormente por ser a Virgem do Carmo a padroeira da Capital. Em suas proximidades encontra-se a também imperdível Casa da Cultura (1850), funcionando desde 1976 no edifício da antiga Casa de Detenção em que esteve preso João Dantas após o assassinato do proeminente político paraibano João Pessoa, em 1930. Nessa mesma Casa, meses mais tarde, João Dantas viria a se suicidar por temer cair em mãos das tropas revolucionárias. Além de dispor do melhor do artesanato local, a Casa da Cultura abriga o Museu do Frevo, localizando-se ao lado da belíssima e neoclássica Estação Central/Museu do Trem (1885).

14. Faculdade de Direito - É impossível dissociar a história da prestigiosa Faculdade de Direito do Recife da trajetória acadêmica brasileira. Criadas, ela e sua congênere do Largo de São Francisco (SP), em 11 de agosto de 1827 por determinação do Imperador D. Pedro II - razão pela qual o 11 de agosto é considerado o Dia do Estudante -, é a segunda mais antiga instituição de ensino superior do país, perdendo apenas para a Faculdade de Medicina da Bahia. Tendo funcionado inicialmente no Mosteiro de São Bento, em Olinda, foi transferida para o garboso Palácio em estilo eclético da Praça Adolfo Cirne em 1912, havendo sido integrada aos quadros da conceituada UFPE, uma das 10 melhores universidades do país, em 1946. A instituição foi palco da rivalidade entre Castro Alves e Tobias Barreto, este o fundador do movimento intelectual conhecido como "a Escola do Recife", e viu passar por seus quadros figuras da envergadura de Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e Ariano Suassuna.

15. Empresariais da Ilha do Leite e Fórum - Nos últimos anos, o Bairro da Ilha do Leite vem sofrendo um boom imobiliário, convertendo-se em uma espécie de "Manhattan recifense". Não é de surpreender: cortado pela Av. Agamenon Magalhães, a principal artéria da Capital, é lá que se concentra o Pólo Médico de Pernambuco, tido como o segundo melhor do Brasil. As últimas aquisições da área foram os belos e arrojados Empresariais Isaac Newton e Alfred Nobel, de autoria do arquiteto Jerônimo da Cunha Lima, que nada deixam a dever ao novo Fórum (1997) situado ao lado, grande destaque do complexo e assinado por Paulo Raposo e Andréa Câmara. Nele, transparecem valores clássicos mesclados a contemporâneos, numa atmosfera grave e solene que constitui sóbria expressão arquitetônica da Justiça enquanto instituição. Não muito longe dali e ainda na Av. Agamenon Magalhães, convém ressaltar, o Empresarial Burle Marx, da arquiteta Lorena Morais, explora com peculiaridade o deconstrutivismo arquitetônico.

16. Bairro de Boa Viagem - Boa Viagem é, possivelmente, o mais famoso Bairro do Recife. A razão? Estar ao lado do verde mar de águas mornas (média de 26ºC), resguardado por uma barreira de arrecifes que dá origem às simpáticas piscinas naturais cartão-postal da Capital - diga-se de passagem que confortavelmente a salvo dos temidos ataques de tubarão resultantes do desequilíbrio ecológico causado pela construção do Porto de SUAPE. Uma ampla avenida em que se erguem altos e elegantes edifícios residenciais e hoteleiros, além de bares e restaurantes, acompanha a orla de 7km desta que é a praia urbana mais limpa do Brasil. A atividade no amplo calçadão, dotado de completa infra-estrutura de lazer e de concorridos quiosques, é intensa, especialmente defronte ao Edifício Acaiaca, bem como nas imediações da Praça na qual está situada a pequenina Igreja que deu nome ao Bairro. Vizinha do polêmico Parque Dona Lindu, do prestigiado arquiteto Oscar Niemeyer, lá é possível encontrar artesanato e o melhor da gastronomia local. Já no interior do Bairro, os destaques cabem ao edifício Califórnia (1959), ícone do modernismo projetado por Acácio Gil Borsói, e ao arrojado Empresarial Blue Tower, de Marco Antônio Borsói.

17. Shopping Recife - Se tem algo de que os recifenses se orgulham é de seu imenso Shopping Center, outrora o maior da América Latina e atualmente o 4º maior do país. Centro comercial por excelência do Bairro de Boa Viagem e indispensável ao cotidiano dos habitantes da Capital, o Shopping Recife surgiu em 1980, pioneiro no Estado, com 72 lojas e pouco mais de mil vagas de estacionamento. Atualmente, após 3 ampliações, os números impressionam: são 410 lojas, sendo 9 âncoras e 6 megalojas, 10 salas de cinema multiplex e mais de 5 mil vagas de estacionamento, além de um grande pólo gastronômico com 4 praças de alimentação e 17 restaurantes, contabilizando um movimento anual total de cerca de 40 milhões de pessoas. Como se não bastasse, no exterior do mall, numa área de 19 mil m², os visitantes são presenteados com o interessante Parque das Esculturas, que reúne 35 obras de grandes artistas pernambucanos como Abelardo da Hora, Francisco Brennand e Marianne Peretti.

18. Capuchinhos/Frei Damião – Fenômeno de popularidade religiosa no Nordeste apenas comparável ao Padre Cícero, Pio Gianotti (1898-1997) foi um missionário italiano da Ordem dos Capuchinhos que, até seus últimos dias de vida, dedicou-se à evangelização nos lugares mais ermos da Região, à qual chegou em 1930 e na qual era conhecido como Frei Damião de Bozzano. Consta que o frade partia cedo da madrugada em procissões que, via de regra, reuniam milhares de fiéis, peregrinando rumo às comunidades mais carentes, as quais despertava com o badalar de um sino, cânticos e orações. Durante essas oportunidades, celebrava casamentos coletivos e batismos, fazia sermões e ouvia confissões, angariando a simpatia popular, que o aclamou “santo” ainda vivo. Falecido quase centenário, jaz enterrado na Capela de Nossa Senhora das Graças do Convento de São Félix, no Bairro do Pina (ao lado do de Boa Viagem). É de ressaltar que, desde 2003, corre no Vaticano o processo de beatificação do chamado “Andarilho de Deus”.

19. Rio Capibaribe e Bairros Nobres da Zona Norte – O “Cão sem plumas” do poeta João Cabral de Melo Neto está ligado da maneira mais íntima à história do Recife. Foi em sua várzea que primeiro se consolidou a cultura açucareira no Nordeste. Às suas margens cresceu a Capital. Os atuais Bairros Nobres da Zona Norte - Aflitos, Apipucos, Casa Forte, Derby, Espinheiro, Graças, Jaqueira, Madalena, Parnamirim, Poço da Panela, Tamarineira, etc. -, em sua maioria cortados pelas soberbas avenidas Rosa e Silva, Rui Barbosa e 17 de Agosto, eram antigos engenhos, ainda conservando a descendência das mais tradicionais famílias do Estado. O mais rico deles é a Jaqueira, o aristocrático Bairro estabelecido ao lado do Parque homônimo, o melhor da Capital, espécie de Leblon recifense, com a charmosa Livraria Jaqueira em suas imediações. O mais famoso, todavia, é Casa Forte, com sua bela Praça projetada por Burle Marx (ver item 21) e o ótimo Museu do Homem do Nordeste da FUNDAJ (ver item 20).

20. Museus da Zona Norte – Nos supramencionados Bairros Nobres, encontram-se 3 dos principais Museus pernambucanos. O mais importante é do Estado (Graças), criado em 1928 e funcionando no antigo Solar Imperial do Barão de Beberibe desde 1940 - uma atração à parte, diga-se de passagem, com sua bela estatuária emoldurando os jardins, nos quais, todas as manhãs de domingo, acontece uma chamosa Feira de Antiguidades. O acervo de mais de 14 mil itens do MEPE agrega importantes coleções, qual a referente ao Brasil holandês, com um raro exemplar do livro de Gaspar Barléus e os painéis a óleo dos heróis da Restauração. Já o Museu do Homem do Nordeste da FUNDAJ (Casa Forte), idealizado por Gilberto Freyre em 1979, reúne os acervos do antigo Museu do Açúcar, do Museu de Antropologia e do Museu de Arte Popular, apresentando uma síntese da história e da cultura do homem nordestino. A Fundação Gilberto Freyre (1987), na antiga residência do intelectual (Apipucos), encerra a tríade, expondo objetos pessoais do ilustre sociólogo, antropólogo e escritor pernambucano, bem como trabalhos de Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres e Di Cavalcanti na rica Pinacoteca.

Um comentário:

  1. Ressaltando um ponto interessante sobre o Maracatu rural:
    O berço desse fenômeno cultural é a cidade de Aliança,também na Zona da mata norte de PE. Infelizmente,por motivos políticos,o título de "Terra do Maracatu" foi transferido para Nazaré da Mata. Aliança que é grandemente rica em fenômenos culturais,citando também o Cavalo-Marinho que foi mundialmente conhecido por intermédio do ilustre e mundial aliancense Mestre Salustiano.

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